Uma "casa longe de casa"
Como açoriana que sou, senti algumas vezes na pele o preço da insularidade. É verdade que nascer e crescer rodeada de mar, num local lindíssimo, onde a natureza é rainha, é maravilhoso, mas não nego que existiram alturas complicadas, em que apetecia viver junto de grandes cidades, com boas infra-estruturas, como grandes universidades ou hospitais.
Concretizando, quando tinha 6 anos, o meu irmão, mais novo do que eu, teve um problema de saúde que não obteve tratamento adequado no Hospital de Angra. Nessa altura, os médicos que o acompanhavam decidiram, e em boa hora, que ele tinha que vir para Lisboa o quanto antes, para, aqui, ser tratado.
Para além da tristeza de ver um irmão ir para longe, na incerteza de ter ou não tratamento (felizmente teve e correu tudo bem), calhou a viagem ser na altura do Natal e Ano Novo. Ora isto acabou por tornar aquela data particularmente triste para todos - sobretudo para ele e para a minha mãe, que com ele viajou e que teve de ficar numa pensão, algures na baixa de Lisboa.
Infelizmente, naquela altura, ainda não existia uma Casa Ronald McDonald (fundada pela Sistemas McDonald’s Portugal, contando com o apoio desta, dos franquiados e restaurantes McDonald’s e de muitas outras empresas e instituições, bem como da própria sociedade civil), junto ao Hospital D. Estefânia, que só foi inaugurada em 2008. Se existisse, talvez a minha mãe e o meu irmão tivessem tido a sorte de lá ficar, aconchegados numa cidade que não era a deles, e longe de quem mais os estimava.
É, por isso, que olho sempre com especial carinho para esta Casa, quando por lá passo. Sei que há muitas famílias açorianas que vão para lá, quando os filhos, crianças, vêm para Lisboa, com os mais diversos problemas de saúde.
Por isso mesmo, não podia deixar de partilhar por aqui a mais recente campanha lançada pela McDonald’s e pela Fundação Infantil Ronald McDonald, por ocasião do Dia da Família, que se celebra hoje, 15 de maio.
Com o intuito de dar a conhecer a ação desta e da Casa Ronald McDonald do Porto, inaugurada um pouco depois, que recebem, gratuitamente, famílias com crianças em tratamento hospitalar longe da sua zona de residência, a Fundação criou a história da Maria e do Pedro e, a partir dela, deu vida a bonecos de pano, que estão a ser vendidos, e cujas receitas revertem a favor da Fundação, sempre com o intuito de criar uma casa longe de casa.
Em traços gerais, é esta a história (que podem espreitar, de forma animada, em: www.casaeondeestaonossocoracao.pt):
- Era uma vez uma menina, a Maria, que passava os dias a brincar com a sua irmã Joana, e o seu cão Orelhas. Um dia, a Maria ficou doente, e teve que ir para um hospital longe de sua casa. Foi nessa altura que conheceu a Casa Ronald McDonald, que ficava perto do hospital e onde ficou durante o tempo do seu tratamento. A Mãe e o Pai da Maria estiveram sempre com ela, porque esta Casa era uma verdadeira “casa longe de casa”. Na Casa Ronald McDonald, a Maria conheceu o Pedro, um menino que também estava doente e que andava sempre vestido de pirata. Assim, disfarçava a sua doença e fazia rir as outras crianças! Passado algum tempo, a Maria e o Pedro receberam boas notícias: já estavam bons e cada um poderia regressar à sua casa. A Maria acha que ficou boa tão depressa porque, quando ficou doente, a mãe fez-lhe um coração em tecido que nunca largava pois dava-lhe muita coragem e amor. Ainda hoje o guarda, porque o faz lembrar o seu amigo Pedro. E ficaram amigos para sempre!
Desta história bonita nasceram as personagens que integram a coleção Solidária da Fundação Infantil Ronald McDonald: a Maria, o Pedro, a Joana, o Orelhas e o Coração. As mesmas (feitas à mão por artesãs, que utilizam
retalhos de tecido 100% portugueses) podem ser adquiridas nas Casas ou no site presentes.pt.
Fica a dica e a sugestão! Vale a pena apoiar esta causa e levá-la mais longe. Até porque as duas Casas, no total, já acolheram mais de 1600 famílias, de todo o continente e dos arquipélagos dos Açores e da Madeira, e espera-se que acolham muitas mais.
Para quem quiser ajudar, aqui ficam outras formas de apoio possível:
1. Fazendo um donativo para o NIB 0033 0000 45237180349 05 (ao abrigo do Estatuto dos Benefícios Fiscais).
2. Colocando um donativo nas caixas-mealheiro existentes nos restaurantes McDonald’s, que se
destinam a recolher donativos da sociedade civil.
3. Oferecendo-se como voluntário para uma das Casas Ronald McDonald, ajudando na dinamização
de atividades ou outras tarefas que visem a promoção do bem-estar das famílias das Casas.
4. Oferecendo donativos em géneros às Casas Ronald McDonald.
5. Fazendo “gosto” na página de Facebook e partilhando com os amigos (em www.facebook.com/fundacaoronaldmcdonald).