Roacutan (a minha experiência)
Recebi recentemente uma mensagem de uma leitora, que está a passar por uma situação de acne tardio, e que me pediu opinião sobre o tratamento que fiz, há muitos anos atrás, com o temível Roacutan.
Já escrevi por aqui sobre este tratamento, mas acho que não o fiz com grande detalhe. Por isso, e de forma a ajudar a leitora em causa e todas as outras, que, no presente ou futuro, passem pelo mesmo, resolvi dedicar mais alguma atenção à temática.
Comecei a ter acne agressivo muito cedo. Para terem uma ideia, com 12 anos, já andava num dermatologista e ainda hoje agradeço a minha mãe a atenção que teve para comigo - se não fosse o seu empenho, teria, atualmente, o rosto repleto de manchas e uma má pele - o que, felizmente, mercê de muitos tratamentos e cuidados, não aconteceu.
Por isso, cuidar da minha pele e do meu rosto, em particular, é tão natural como tomar banho. Comecei a fazê-lo muito novinha e, felizmente, mantive esses bons hábitos para sempre, na minha vida.
Voltando aos 12 anos, comecei com os cremes comuns e, mais tarde, com uns comprimidos, na altura, laranja, que melhoraram o estado da minha pele, mas que, infelizmente, não solucionaram o problema.
Para terem uma ideia, dos 12 aos 16, fui acompanhada, com algumas pausas, por médicos, mas ora ficava melhor, ora piorava, e nada solucionava, definitivamente o meu acne, de origem hormonal.
Foi, assim, com 16 anos, que a dermatologista que me acompanhava falou da possibilidade de tomar Roacutan - em comprimidos. Um tratamento muito forte e com consequências, que tinha que tomar com muito "juizinho" e perante a proibição extrema de engravidar, naquela altura e nos anos seguintes.
Há mais de vinte anos atrás, os comprimidos a tomar diariamente eram medidos em proporção com o nosso peso e creio que me foi determinado a toma durante um período de meses entre os 3 a 6 (honestamente, não me lembro quanto tempo foi, ao certo).
Lembro-me, isso, sim, da pele secar toda, dos lábios ficarem super gretados, dos olhos ficarem vermelhos e de sentir uma espécie de renovação na minha pele - logo nas primeiras semanas do tratamento.
Foi como se todas as borbulhas que tinha em potência saíssem, ao mesmo tempo, formando crostas secas (horríveis), nas quais eu não ousava tocar - com medo de ficar com marcas. Felizmente, nunca fui daquelas que espremia borbulhas e, graças a isso também, a pele ficou com poucas marcas.
Para além disso, a pele estava super sensível, pelo que estava quase proibida de apanhar sol. Para terem uma ideia, a meio do tratamento, tive a ideia infeliz de retirar o buço com cera, e fiquei com uma queimadura horrível, e mais uma marca a juntar às muitas outras que já tinha na pele - nada de novo, portanto...
Isto apanhou o final do meu 11.º ano - uma fase complicada, em que me sentia uma espécie de "patinho feio" e na qual era complicado olhar-me ao espelho. Ainda hoje, me custa escrever sobre o tema, tal o trauma que, na altura, senti na pele por causa disto...
Este período coincidiu também com uma viagem que fiz aos EUA - durante cerca de 2 meses, praticamente sozinha, para casa de familiares. Como a vontade de ter uma pele bonita era enorme, nesta viagem, não toquei, uma única vez, num chocolate. Logo eu, que adoro chocolate! Imaginam?
Para além disso, e sempre que fiz praia, durante a viagem, colocava um protetor solar fortíssimo, em todo o rosto, e usava chapéu, para me proteger o mais possível.
A verdade é que o tratamento resultou. A pele ficou renovada, liberta de impurezas e acabaram-se as borbulhas. Depois do tratamento, a médica aconselhou-me a toma da pílula, para manter os níveis hormonais e evitar qualquer surto de borbulhas.
Anos mais tarde, quando terminei a toma da mesma, cheguei a temer pelo regresso do acne, mas, vários anos volvidos, felizmente a situação estabilizou e, até agora, só tenho uma ou outra borbulha, que me parecem se como mais disparates ou se estou "naquela" altura do mês, e nada mais.
Atualmente, não faço ideia se o medicamente está igual ou se sofreu algumas alterações, que possam atenuar os efeitos laterais. Na altura, por exemplo, a questão da gravidez passou-me totalmente ao lado, mas, obviamente, se fosse agora, isso não seria, de todo, assim.
Por isso, o meu conselho, para quem está a pensar tomar o medicamento, é medir muito bem os prós e os contras, e, se necessário, pedir uma segunda opinião a um bom dermatologista (ou, por vezes até, a um endocrinologista, para avaliar a questão hormonal), até porque há acnes e acnes e nem sempre é necessário esta medida mais extrema...
Entretanto, se passaram pelo mesmo, partilhem, por favor, abaixo, a vossa experiência. Estou certa que mais testemunhos poderão ajudar ainda mais pessoas. Obrigada, desde já.
Imagem via Maria Claire.