Pasta Gamberi "à Mónica"
Entro na cozinha, encosto a porta, música no telemóvel, ligada à coluna, panela ao lume e lá vamos nós.
Enquanto a água ferve, descasco os alhos. Uso-os tanto que nem sei - tenho sempre um carregamento de alhos no armário (e, sempre que possível, trago-os da terra - biológicos, grandes e realmente saborosos).
Numa frigideira, coloco o azeite. Por cima os alhos, esmagados e ainda com casca, para preservar melhor o sabor. Enquanto o aroma se espalha pela cozinha, escolho a massa para colocar na panela e no prato.
A minha relação com massa começou na infância. Não que a comesse muito nessa altura, mas comi-a de vez em quando, e gostava mesmo muito.
Mas só mais tarde, no final da faculdade, e numa viagem que fiz sozinha até Florença, para visitar uma amiga em Erasmus, travei contacto, mais pessoal e profundo, com a massa, no local onde atualmente mais é consumida: Itália.
Aí, comecei a dar todo um novo valor a este alimento, a perceber como "casa" na perfeição com o parmesão, a apreciar o toque do azeite trufado sobre uma massa acaba de cozer, e escorrida logo, para não ficar demasiado mole, a adorar o casamento dos oregãos com o azeite e o queijo, sobre a pasta...
Fechado o parentesis, voltamos à minha cozinha. A massa já está escolhida - os macarronetes grandes são a minha escolha e nunca me deixam ficar mal. Coloco-os na água ligeiramente salgada, que já ferve, enquanto aproveito o vapor da cozedura para cozer uns brócolos, que também usarei no prato.
Massa mexida, e é hora de voltar à frigideira - que esteve sempre debaixo de olho e em lume brando, para o alho não queimar. Alho ligeiramente cozinhado e dourado, junta-se o tomate cereja, partido, bem maduro e de época, se possível (eu costumo congelá-lo no verão para conseguir ir usando no inverno, e funciona na perfeição!).
Coloco apenas alguns tomates - o suficiente para dar um gosto especial ao azeite, bem como um toque avermelhado à mistura (mas sem exageros). Ah, e começo a adicionar os temperos, juntando uma pitada de oregãos secos.
Tomate desfeito e perfeitamente fundido com o azeite, hora de juntar o camarão, já cozido e descascado, que vai absorver os sucos do alho e do tomate.
Enquanto vou mexendo, para evitar que o camarão queime, coloco ainda alguns cogumelos Portobello frescos (previamente limpos e cortados). A esta hora, já tenho companhia na cozinha - a Emília entrou e dou-lhe uma bolacha, enquanto a desafio a juntar-se à dança - sim, ela já dança, com 15 meses, e começa a querer cantarolar, para acompanhar a mana.
A massa, entretanto, já cozeu. Gosto dela "al dente", não demasiado cozinhada. E, para evitar que amoleça, escorro-a imediatamente após desligar o fogão.
Desligo a panela, e também a frigideira, onde cozinhei o camarão. Nela coloco os brócolos, já cozinhados, e partidos grosseiramente, e coloco a mistura sobre a massa, misturando tudo, de forma suave, para não esmagar os alimentos.
Adiciono mais um fio de azeite, pimenta acabada de moer, um toque de flor de sal e mais umas folhas de orégão seco (se tiver fresco, tanto melhor). Mas ainda não está pronto! Falta o parmesão! O meu amigo parmesão, que não dispenso por nada, e que corto às lascas grossas, para ir trincando, meio amolecido, sobre a massa ainda a fumegar.
Coloco em pratos fundos, e já está... A música continua a tocar, mas agora numa versão mais calma e envolvente. É hora de saborear e partilhar...
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