Marcas brancas vs marcas de luxo: a embalagem também conta?
Há alguns dias, escrevi aqui sobre um livro que ando a ler: As Mentiras da Cosmética, da italiana Beatrice Mautino.
E uma das coisas que me pediram, a propósito do mesmo, foi para desvendar algumas das conclusões do mesmo, em torno deste mundo da beleza.
A minha ideia não passa por revelar muito do livro - mas, de todo o modo, não resisto a falar aqui de um estudo feito por uma empresa sueca, que é referido pela autora, relacionado com o efeito placebo.
Antes de mais, convém esclarecer o que é isto de efeito placebo. Placebo vem do latim e significa agradar - assim, a palavra começou a ser usada, na Medicina, para designar uma substância que o médico prescrevia, e que tinha como único intuito agradar o doente, sem que tivesse efeitos terapêuticos (também designado como "o nada" que cura).
Imaginem que o doente tinha problemas de coração e o médico prescrevia comprimidos de açúcar, que o paciente tomava, convicto que se tratava de outra coisa, que o ia efetivamente curar. E, muitas vezes, essa cura dava-se, por causa do poder da mente.
Nos dias de hoje, fala-se de efeito placebo para designar nada mais nada menos do que o poder da mente, em acreditar que algo tem determinado efeito, quando, na realidade, nada se pode comprovar nesse sentido (está, assim, em causa o engano).
E como passamos isto para o campo da cosmética? Será que podemos usar um produto, acreditando que nos trata de alguns problemas de pele, só por ter uma embalagem maravilhosa ou custar mais de dois dígitos?
Será que factores como o preço, a embalagem, o aspeto de uma loja, podem mesmo ou não influenciar a forma como olhamos para os produtos e para os potenciais resultados dos mesmos?
As respostas seguem abaixo, num estudo que foi levado a cabo, e que envolveu cerca de 80 mulheres, entre os 35 e os 64 anos. O objetivo era que usassem um creme que lhe foi entregue, durante 6 semanas.
As mulheres foram divididas em 3 grupos:
Grupo A - foi-lhe dado um creme de uma marca de luxo, que custa cerca de €100, e que promete uma redução de rugas e pontos negros, contendo 51 ingredientes.
Grupo B - recebeu a embalagem luxuosa do creme do grupo A, mas com outro conteúdo: um creme comprado em supermercado, de poucos euros e sem nenhuma particularidade, em especial.
Grupo C - recebeu o creme luxuoso, usado pelo grupo A, mas dentro da embalagem de supermercado, cujo creme foi usado pelas mulheres do grupo B.
Basicamente, só as mulheres do grupo B e do grupo C foram enganadas - embora de forma inversa.
E o que sentiram elas? Será que o creme luxuoso é realmente melhor que o creme de supermercado? Se assim for, as mulheres do Grupo A e do Grupo C ficaram com uma pele melhor, verdade?
Ou será que os efeitos foram todos semelhantes, e os cremes de supermercado podem ter efeitos semelhantes a cremes mais luxuosos?
Aqui ficam algumas das conclusões, bem curiosas, deste estudo:
1. As mulheres dos Grupos A e B (com a embalagem luxuosa) usaram mais quantidade de produto.
2. As mulheres dos Grupos A e B (com a embalagem luxuosa) declararam-se mais satisfeitas com os resultados do produto (não obstante os investigadores, após análise à pele, não terem encontrado diferenças significativas entre a pele dos 3 grupos...).
Posto isto - será que a embalagem afinal também conta? Eu diria que sim - e que o poder da nossa mente também conta, e muito!