Halloween na Primark
No meu tempo, era o "Pão por Deus" que se festejava. Tudo começava na véspera do dia 1 de novembro - escolhia-se qual o lado da freguesia começar - por norma, o da esquerda, que terminava na mata e, no dia 1, depois da missa e do almoço (reforçado, a saber a inhame cozido), lá íamos para a direita.
Com um pouco de sorte, cantávamos o "Pão por Deus" na freguesia vizinha, em casas de pessoas desconhecidas, qual aventura dos Cinco, mas vivida em maior grupo e sem o Tim por companhia.
Íamos sozinhos, por nossa conta, sem crescidos por perto, sem telemóveis ou, até, horas marcadas para voltar. O sol ditava o regresso a casa, com a saca de pano cheia de rebuçados, castanhas cozidas, algumas moedas, e, talvez, "candins" americanos, que, ditos assim, ainda sabem melhor.
Quem não alinhasse, o mesmo é dizer, não abrisse a porta, levava com a lengalenga do costume, que não nos cansávamos de cantar:
"Soca vermelha,
"Soca rajada,
Tranca no c*
A quem não dá nada!"
E lá íamos nós, cantar para outra porta, entre gargalhadas e histórias, que ficam para a vida!
(Hoje a tradição já não é o que era, mesmo na minha ilha, e o Halloween está cada vez mais enraizado. Para quem for fã desta nova tradição, estas peças da Primark estão "de se comer...").