Fazer contas às compras
Nas sessões de consultoria de imagem que faço, tento incutir às minhas clientes a necessidade de fazerem boas compras.
E, numa fase em que tanto se fala da necessidade de fazer escolhas conscientes e sustentáveis, que não se traduzam num grande impacto ambiental, este tema está mais em voga do que nunca.
De facto, nunca como agora, o flagelo do fast fashion e do fast fast fashion fez tanto sentido ser discutidos.
Efetivamente, há marcas que antecipam as necessidades das clientes, e que lhes oferecerm o produto em publicidades virais e agressivas, às quais é complicado escapar.
Isso traduz-se num consumo excessivo, e na maior parte das vezes, por impulso, de peças que amos usar uma ou duas vezes, ou então, numa só estação, e que rapidamente colocamos de lado (ou porque se estragou ou porque nos casamos dela).
Por isso, podemos e devemos fazer compras inteligentes, preferindo peças versáteis, que se adaptem a várias ocasiões, combinando com grande parte do seu roupeiro e que, desta forma, justifiquem o investimento.
Por outro lado, tento chamar a atenção para a necessidade de se apostar em investimentos seguros - em peças que tenham qualidade e que justifiquem o preço real que se paga por elas, em comparação com o número de vezes que serão usadas.
Para que elas possam ter consciência do que estou a falar, peço-lhes muitas vezes para fazer um exercício, que vos convido a fazer também:
* Dividam o preço da peça pelo número de vezes que a usam. E vejam qual o valor por dia.
Este exercício é muito interessante de fazer quando estamos a falar de acessórios - onde, por norma, aconselho a investir na qualidade, em vez da quantidade.
Pensemos no exemplo de uma carteira:
Exemplo 1
A cliente gosta de estar sempre a mudar de carteira e prefere comprar modelos baratos. Compra uma carteira por €20, da marca X, e usa-a 2 meses, todos os dias. Ao fim dos 2 meses (60 dias), uma das alças rompe-se, necessitando de substituição.
Neste caso, €20:60 = €0,33
Exemplo 2
A cliente segue o meu conselho e compra uma carteira de boa qualidade, num tom absolutamente intemporal e neutro, para combinar com tudo. A mesma custa-lhe €150 e, não obstante usá-la diariamente, aguenta dois anos, sem necessitar de substituição (730 dias).
Neste caso, €150:730 = €0,20
Desta forma, vemos que apesar da carteira do exemplo 2 ter sido substancialmente mais cara do que a carteira do exemplo 1, a longo prazo, o investimento compensa e a mesma torna-se mais acessível.
Para além deste caso, este exercício é ótimo para se fazer quando está em causa a compra de peças mais marcantes, que não temos a certeza se vamos usar muitas vezes ou não. Ora vejam:
Exemplo 1
Compro um top super giro, de uma cor complicada, que me custa €25. Uso dois dias e depois canso-me da peça.
Neste caso, €25:2 = €12,5
Exemplo 2
Compro um top branco, de corte intemporal, de €50, que uso todo o verão, num total de 20 dias, aproximadamente.
Neste caso, €50:20 = €2,5
É fácil de perceber que, neste caso, apesar da diferença significativa de preços, o top branco, que custou o dobro do primeiro, foi um investimento que compensou muito mais.
Espero que estas contas nos sejam úteis e que as comecem a fazer, antes de ir às compras! Boas compras e boas contas!