Correio da leitora
Vou tentar "ressuscitar" esta rubrica, que foi das primeiras do blog, tentando dar resposta, publicamente e através de um post, a alguns dos vários e-mails que recebo semanalmente, com vários tipos de questões.
E, esta semana, começo com o e-mail da Maria S, que escreveu o seguinte;
Desde já quero felicitá-la pelo seu blogue que é sempre muito útil.
Venho por este meio pedir-lhe esclarecimento e também a sua opinião sobre o seguinte:
Como a maior parte das pessoas, tenho aquela mentalidade de gastar pouco dinheiro e ter mais quantidade de roupa. Mas pela minha experiência já percebi que talvez não seja a melhor opção. Porque muitas vezes compramos peças sem grande qualidade, só porque são baratas e depois feitas as contas acabamos por gastar mais, porque duram menos. Resolvi começar a mudar isso, mas para fazê-lo gostaria de ter mais informação quanto aos materiais. Quando lemos uma etiqueta, que materiais indicam que é de boa qualidade? Na sua opinião quais são as marcas onde se pode encontrar boa qualidade a bom preço?
Desde já agradeço a sua atenção.
Como achei as questões bastante pertinentes, vou tentar ajudar a Maria e todas as leitoras que, porventura, já tenham passado pelo mesmo dilema. Preparadas, vamos a isso?
Começando pelas marcas - convém ter presente que, atualmente, mesmo dentro de cada marca, a oferta varia muito e há peças de mais e de menos qualidade. Por isso, podia escrever que uma Bimba y Lola ou uma COS, à partida, terão mais qualidade do que uma Mango ou uma Zara, mas não tem que ser necessariamente assim, já que o preço nem sempre significa melhor qualidade (muitas vezes, estamos a pagar é a marca).
Pegando no exemplo da Zara, que é daquelas marcas que mais gente conhece e usa, a marca espanhola tem fábricas um pouco por todo o mundo a costurar para si, incluindo portuguesas. É, por isso, que o meu primeiro conselho para a Maria é que comece por olhar para a etiqueta, tendo em conta, antes de ver a composição da peça, o local onde foi feita.
Se encontrar um Made In Portugal, pode ir à confiança. A nossa mão de obra não é tão acessível quanto países de terceiro mundo ou do continente africano, e isso é, na maior parte dos casos, sinónimo de maior qualidade (claro que não quero generalizar, já que nem sempre poderá ser assim - mas ter um selo made in Europe pode ser já um bom indicador de confiança).
Não é à toa que tanta marca internacional de renome faz parte das suas peças no nosso país. Nós somos mesmo bons nos têxteis e no calçado, pelo que somos sempre uma aposta mais do que segura.
A propósito disto, ouvi há anos uma história, que creio ter acontecido mesmo, numa loja qualquer em Portugal (de uma marca conceituada), onde um grupo de turistas e potenciais clientes chineses estavam a "revirar" várias peças, à procura das etiquetas, de modo a ver onde eram feitas. Isto porque não queriam nada "made in China". Não sei se é verídico ou não, mas dá que pensar...
Episódio à parte, e depois de ver onde é feita a peça, toda a atenção deve ser virada para os materiais que a compõem - e que também se encontram, claro, na(s) etiqueta(s). Esses materais e fibras podem ser de uma de duas origens: origem natural ou de origem sintética, a saber:
Fibras naturais
Algodão, linho, lã, caxemira, alpaca e seda - são alguns dos principais exemplos.
As mesmas costumam ser mais caras do que as sintéticas, e têm algumas vantagens, que se refletem na qualidade do produto: tendem a ser mais confortáveis, flexíveis, duráveis e resistentes. O toque é, em regra, bem agradável e deixam a pele respirar melhor.
Fibras sintéticas
Poliéster, acrílico, elastano, poliamida, nylon, lycra, viscose, acetato - são tudo exemplos de fibras sintéticas, muito utilizadas na composição das peças de roupa.
Estas fibras costumam ser mais acessíveis e não costumam deixar a pele respirar convenientemente. No entanto, também têm vantagens, que não devem ser descuradas: a resistência e a forma como retêm bem a cor. Por outro lado, costumam secar rapidamente e não se amarrotam tanto na lavagem (ótimas para levar numa mala de viagem, portanto).
Por isso, o meu segundo conselho para a Maria, é que olhe para a composição das peças, tendo presente que as fibras naturais são, em regra, representativas de uma peça com maior qualidade.
Apesar das fibras naturais serem, em regra, mais caras (e de melhor qualidade), há outros factores que influem no preço, como a marca, o seu maior ou menor prestígio (ou o seu posicionamento, se preferirem), entre outros.
Ser barato nem sempre significa pouca qualidade. Há muitas marcas que preferem não apostar em publicidade e que, por isso, conseguem preços mais competitivos para as suas peças.
Outro conselho que dou passa por privilegiar coleções especiais (e limitadas), que várias marcas mais acessíveis têm - a Studio da Zara, a Qualidade Premium da H&M, ou a Limited Edition da Massimo Dutti - isto para mencionar apenas alguns exemplos. São coleções mais exclusivas que costumam ser sinónimo de peças de maior qualidade.
Posto isto, espero ter esclarecido e ajudado a Maria. Compras mais conscientes transformam-se em comprar mais felizes e duradouras. Pessoalmente, também estou convencida que é preferível comprar menos, mas de melhor qualidade.
Em jeito de conclusão, convido a Maria e todas as interessadas, a fazer este exercício antes de comprar o que quer que seja. E boas compras!
(Se quiser ver as suas dúvidas respondidas aqui, escreva-me para aminisaia@gmail.com.)