Cabelos encaracolados & eu
Não é fácil falar de caracóis, sobretudo quando se lida com eles toda uma vida e já se passou por algumas situações de traição e quase amor-ódio.
No entanto, vou tentar fazê-lo, como forma de ajudar todas as mulheres que têm um cabelo com as mesmas características do meu e não sabem muito bem como cuidar dele.
Enquanto miúda, sempre tive o cabelo longo e pentear era um verdadeiro suplício. O cabelo era forte e ganhava alguns nós com facilidade. Era escovado diariamente, pelo que os caracóis bem formados davam frequentemente lugar a ondas e a bastante volume.
Gostava do meu cabelo mas, como sempre apreciei tendências e gostava de arriscar, decidi fazer aos 12 anos nada mais nada menos do que uma permanente. Sim, leram bem! Uma permanente, super tendência na altura, mas nada adequada ao meu cabelo encaracolado e naturalmente volumoso.
Resultado - dias complicados de gerir (sobretudo nos dias em que usava o secador sem difusor) e um cabelo que ficou danificado e só se curou com um corte, anos depois, que eliminou todos os vestígios da permanente.
Esqueci as permanentes e até aos meus 16/17 anos acabaram-se as "aventuras capilares". Com essa idade, porém, e num regresso a casa, depois das aulas (a viagem de autocarro que fazia diariamente era longa e dava para muitas divagações), com um cabelo que me dava pelo meio das costas, tomei a resolução de cortar o cabelo curto (CURTO mesmo, à rapazinho).
Se depressa o pensei, rapidamente o fiz. Recorri à mãe de uma amiga, com jeito para o corte, que, no meio da sua sala de estar, me foi desbastando a "juba"... E enquanto o chão se enchia de cabelo, sentia a cabeça subitamente mais leve e a nuca fresca!
Lembro-me de ter estranhado o resultado, visto ao espelho, mas, no minuto seguinte, comecei a apreciar ver-me assim, tão "despida", com o rosto em evidência.
Dias mais tarde, já num cabeleireiro profissional, melhorei o corte e arrisquei numas madeixas louras - na altura feitas com uma touca, e de uma forma algo desconfortável.
Assim fiquei durante algum tempo. Cheguei a ter o cabelo tão curto que era cortado com máquina, na parte da nuca. E nunca me senti pouco feminina pelo facto de não ter caracóis. Na realidade, quando temos o cabelo curto valorizamos mais certas partes do rosto, e damos mais valor a certos acessórios, como os ganchos para o cabelo ou os brincos compridos.
E sabe tão bem lavar o cabelo em 2 minutos com um terço do champô!
(Continua...)