Alimentação macrobiótica
(receitas)
Desde maio que passei a assumir uma alimentação vegan, essencialmente de base macrobiótica, aqui em casa.
Depois das restrições na alimentação, que o meu marido tinha por ser doente renal, em tratamentos de hemodiálise, tudo mudou no pós-transplante. Assim, a maior parte dessas restrições desapareceu e o que dantes era nocivo (verduras, cereais integrais, legumes e leguminosas) passou a ser desejável e bom.
Por tudo isso, percebi que tinha chegado o momento de por em prática o plano alimentar que eu há muito desejava, e que se incutiu em mim durante os anos de Faculdade, em que comia diariamente na Cantina Macrobiótica do ISCTE e que adorava a comida e o efeito dela em mim.
Claro que nos últimos tempos fui tentando incluir alguns pratos e alimentos vegan nos hábitos alimentares da família - pelo que produtos como o seitan, por exemplo, não eram propriamente novidade por aqui.
No entanto, foi desde março que o arroz integral passou a constar em mais de 80% das nossas refeições diárias, a juntar às leguminosas e a ingredientes tão versáteis quanto deliciosos, desde que bem cozinhados, como o tofu, o seitan e o tempeh.
Como ninguém nasce ensinada, e ainda não consegui frequentar aulas de culinária macrobiótica, tratei de me munir de alguns livros sobre o tema, com receitas e dicas sobre a Macrobiótica (essencialmente da família Varatojo, que será aquela que mais percebe sobre o tema no nosso país).
Tenho-me aventurado em novas receitas praticamente todas as semanas. Vou experimentando ingredientes novos e novas formas de cozinhar, e modo a conseguir variar bastante a alimentação, mas garantir que contem todos os nutrientes que nos são necessários.
O fruto das minhas experiências é muitas vezes partilhado por mim no Instagram. E uma das perguntas que mais me fazem passa por saber se as minhas filhas aprovam a escolha e também seguem a alimentação.
A resposta é sim - elas gostam de alguns dos pratos que faço. Mas não sou fundamentalista e, pontualmente, durante a semana, cozinho peixe para elas.
Carne não cozinho. Deixei de comprar. E, pessoalmente, também consumo peixe pontualmente, nomeadamente atum, porque gosto efetivamente do mesmo e de o colocar em pizzas.
E porque falei em pizzas por aqui, confesso que ainda consumimos manteiga e queijo. Por isso, não tenho uma alimentação 100% vegan - e vivo bem com isso. Só consumo lacticínios da minha terra (para mim, os melhores do mundo), mas bebo bebidas vegetais e não tenho tocado em leite de vaca (depois de vários anos a consumi-lo).
As minhas filhas ainda o bebem, da mesma forma que comem carne e peixe na escola. Acho que devem experimentar de tudo, mas tento que, em casa, se familiarizem ao máximo com uma alimentação de base macrobiótica e que gostem da mesma.
O que tenho sentido no meio deste processo? Para além de não aumentar de peso (desci até ligeiramente), sinto-me cheia de energia, e noto que os problemas intestinais que tinha pontualmente desapareceram.
Por tudo isso, recomendo, mesmo, que invistam em aprender um pouco sobre este tipo de alimentação vegan e, quem sabe, se aventurem na preparação de alguns pratos.
Aproveitem este tempo em que estamos mais tempo em casa para o fazer e acredito que vão ficar surpreendidas/os com os resultados...
Se quiserem começar, aqui ficam algumas receitas que costumo fazer muitas vezes:
Noodles de tofu
Estes noodles são o género de confort food que faço quando não tenho muito tempo, mas pretendo uma comida gulosa, com toque asiático.
São super fáceis de fazer e são sempre um sucesso cá em casa.
Para os preparar, salteio vários legumes cortados de forma fina, em azeite.
Tendo a usar o que há em casa, mas leva sempre cebola, cenoura e pimento. Neste, também coloquei um pouco de couve coração e talos e folhas de brócolos (uma forma deliciosa de os aproveitar).
A proteína foi adicionada através do tofu, que cortei em quadrados e salteei previamente em alho, azeite e com uns salpicos de molho de soja.
Se não gostarem de tofu, podem sempre adicionar antes miolo de camarão. Resulta super bem!
Podem saltear numa wok ou numa frigideira.
Costumo temperar com sumo de gengibre ou pedaços de gengibre ralado. No fim, coloco ainda uma quantidade generosa de molho de soja.
Cozinho os noodles à parte (seguindo as instruções da embalagem) e depois junto tudo.
Fica de comer e chorar por mais!
Douradinhos de seitan
Partir o Seitan em retângulos finos e temperá-los com alho fresco picado, sumo de gengibre e gengibre picado, molho de soja e orégãos (pessoalmente, não costumo por sal, porque o molho já é salgado).
Deixem o Seitan nesta marinada algum tempo. Idealmente 2 horas, mas meia hora já é o suficiente para conseguir um bom sabor. Certifiquem-se que todo o Seitan está coberto com a marinada, para ficar gostoso de igual forma.
Depois, é só envolver em sêmola de molho e fritar bem de ambos os lados.
Fotografei-os aqui com rabanetes, porque o rabanete e o nabo ajudam a dissolver a gordura e são boa companhia para os fritos.
Experimentem! E depois digam-me como correu!
Mexidinho de Tofu
Começo por esfarelar tofu e por aquecer azeite numa frigideira.
Depois, coloco o tofu, cogumelos shiitake (podem usar outros) partidos em tiras finas e uma cenoura ralada.
Tempero com molho de soja, açafrão das Índias e pimenta preta.
Convém ir mexendo sempre, até os legumes estarem todos bem cozinhados.
E já está. Tão simples quanto delicioso e muito rápido de preparar.
Acompanho com arroz semi integral, salada verde e legumes cozidos ao vapor.
Bolo de Chocolate sem ovos (vegan)
Ingredientes:
1 chávena e meia de farinha
1 c. chá de bicarbonato de sódio
1 c. chá de fermento
3 colheres de cacau
1 chávena, mal cheia, de açúcar amarelo
6 c. sopa de óleo
1 c. sopa de vinagre de sidra
1 chávena de água
Modo de preparação:
Juntei todos os ingredientes secos com uma vara de arames e, depois, coloquei os líquidos, mexendo um pouco. Não convém mexer demais.
Depois, coloquei o preparado numa forma, com buraco, untada e levei ao forno, cerca de 35 minutos, com o forno a quase 200 graus. Mas aconselho que controlem o forno e bolo, para se certificarem de que este não queima (eu faço sempre o teste do palito espetado, para me certificar que a massa está totalmente cozida, antes de fechar o forno).
Para um resultado ainda mais delicioso, podem cobrir com uma Ganache de Chocolate super simples:
100 gr de chocolate de culinária (vegan)
3 a 4 colheres de creme de soja (podem usar natas).
Tudo na panela a baixa temperatura, até o chocolate derreter e resultar num creme uniforme e delicioso.