Entrevista a Nuno Baltazar
Foi na edição passada da ModaLisboa que tive o prazer de entrevista o Nuno Baltazar. Super simpático e acessível, reservou um pouco do seu tempo para falar comigo. Eu não o quis maçar com muitas perguntas, porque já era muito tarde e eu era a última pessoa da imprensa a falar com ele. Aqui fica a mini-entrevista, bem como algumas imagens da sua colecção de então, para este Outono-Inverno:
Mónica Lice: Numa das últimas colecções inspirou-se numa açoriana. Já nesta colecção, inspira-se novamente, desta feita, em "Andrey" (espreite este post para perceber o contexto). Esta necessidade de se inspirar em mulheres existe desde sempre ou não?
Nuno Baltazar: Sim, mas a diferença, nesta, é que se trata de uma mulher que não existe. É a primeira vez que isto acontece. Há um livro em branco que pode ser escrito e que eu apenas comecei a escrever agora as primeiras páginas.
ML: No fundo, é como se estivesse a criar um filme e a criar os figurinos para o filme, verdade?
NB: Sim, é exactamente isso, e o conceito da colecção é exactamente esse. Ao longo do tempo tenho trabalhado sempre em filmes ou histórias que já existem e a partir das mesmas crio todo o figurino e agora o processo é exactamente o contrário.
ML: Quem sabe se não temos um Tom Ford português?
NB: Quem sabe? (Risos)
ML: Nota-se que a sua colecção está cada vez mais forte em termos de acessórios. O processo criativo dos mesmos é igual ao da roupa, ou não?
NB: Sim, acontece ao mesmo tempo que a roupa e tem muito a ver com o tipo de mulheres para quem estou a trabalhar. Essas mulheres são loucas por acessórios e por isso não faz sentido não ter acessórios. Eu até queria ter mais – o objectivo é que a marca tenha mais ramificações, porque os acessórios são cada vez mais importantes na Moda.
ML: Acha que deveria haver mais apoio por parte de outras marcas aos criadores nacionais?
NB: Sim, acho. As marcas só têm a ganhar, e, obviamente, nós, criadores, também, mas talvez seja um percurso que ainda seja preciso fazer.
Imagens: Associação ModaLisboa.