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mini-saia

O blog de Mónica Lice.

08
Fev12

À conversa com a Cris Guerra

Mónica Lice

Uma das pessoas que mais gostei de conhecer nos "corredores" do SPFW foi a Cris Guerra, uma blogger brasileira, que acompanho desde os meus tempos da Guiné.

 

A Cris, que assina e mostra os seus looks diários no hoje vou assim, tem uma história de vida impressionante. Dois meses antes de nascer o Francisco, o seu filho, o seu companheiro e grande amor morre de repente, sem conhecer o filho, deixando-a viúva e grávida de um filho que não conhecerá o pai.

 

Esse luto e dor imensa fá-la criar dois blogs - um, Para Francisco (que virou livro em 2008), onde foi escrevendo ao filho histórias do pai que ele não conheceu, e outro, virado para a moda (hoje vou assim), a sua paixão, onde Cris encontra um escape para colorir, um pouco, o seu dia-a-dia.

 

 (Estou a usar um vestido da nümph.)

 

De lá para cá, a vida de Cris deu uma volta gigante, já que o blog, com os seus looks diários, teve tanto sucesso que a fez abandonar a carreira de publicitária, para se dedicar ao mesmo e a várias parcerias, que tem conseguido estabelecer. Dona de uma beleza singular e de um coração de ouro, respondeu-me carinhosamente a várias perguntas e deixou-nos, em palavras, ótimos ensinamentos.

 

Espero que a entrevista vos dê tanto prazer ler, como me deu ao fazer. Aqui fica...

 

Eu: A Cris Guerra é uma inspiração para muita gente, inclusive para mim, e tem muitas fãs em Portugal. Tem noção disso?

Cris: Sim, e fico muito feliz por isso. E este ano, curiosamente, vou na minha lua-de-mel a Lisboa, pela primeira vez.

 

Eu: Que engraçado! Parabéns pelo noivado!

Cris: Obrigada!

 

Eu: A Cris está hoje a usar um colar muito bonito, que resulta duma parceria que tem com a Lita Raies, uma marca de bijutarias que já concebia coleções para outros nomes. Quer nos falar um pouco dessa parceria?

Cris: A Lita Raies apresenta sempre a sua própria coleção e eu tenho uma parceria com ela, que começou no final do ano passado. A gente lançou uma coleção que se chama Lita Raies + Cris Guerra e foi um sucesso! Na altura lançamos umas 30 peças. Agora, vamos lançar sempre novas peças – uma média de 5 novas por mês, para ter sempre novidades na nossa loja virtual: www.crisguerra.com.br.

 

Eu: Só é possível adquirir online as peças?

Cris: Na verdade não. Nós temos três lojas no Brasil, lojas físicas, que revendem a marca. E nós até gostaríamos de fazer um trabalho de captar mais lojas, mas como a nossa equipa é pequena, ainda não foi possível fazer esse trabalho. Mas, de todo o modo, é ótimo termos as peças na loja virtual, disponíveis para todo o Brasil. Infelizmente, ainda não conseguimos entregar para fora, por enquanto.

A nossa ideia é continuar a investir e usar um pouco desse olhar que eu tenho (que não sei desenhar, mas sei escolher) e fazer parcerias com outras marcas, e noutros segmentos, como, por exemplo, malas, sapatos e roupas. Esta é, por isso, uma primeira experiência, que está a dar muito certo, para que eu também ofereça produtos no blog. Mas continuo a ser uma pessoa multimarca (risos), já que adoro “passear” e ver várias coisas.

 

Eu: E pensam internacionalizar a loja de venda online? Em Portugal, gostaríamos muito de ter peças suas...

Cris: É uma meta – mas temos de pesquisar bastante antes, para perceber como é que iria funcionar. Eu adoraria, até porque tenho imenso carinho por Portugal, por saber que são pessoas que conhecem o meu trabalho – está lá longe, mas está tão perto. Nós estamos, de momento, a aprender a fazer uma loja virtual, mas vamos continuar a pesquisar e a aprender, de modo a determinar se isso será ou não possível. A loja começou há pouco tempo, e são vários desafios e uma enorme responsabilidade. Mas a internacionalização é uma meta...

 

Eu: A Cris é uma inspiração a vários níveis, incluindo o profissional, porque acabou por mudar a sua vida graças ao blog hoje vou assim. Nós, em Portugal, estamos a passar por uma crise económica bastante complicada, e há muita gente que está, efetivamente, a pensar mudar de vida – ou pelo desemprego ou porque se sentem infelizes com o que estão a fazer. O que poderia dizer a essas pessoas, tendo em conta a sua experiência pessoal?

Cris: Eu aprendi com os caminhos da minha vida que nós não precisamos ter uma só profissão. Na verdade, aprendemos bastante com uma primeira profissão, e essa primeira profissão ensina-te coisas que te podem levar a enveredar depois por outros caminhos, porque te dá talentos.

O que acho é que nós descobrimos, principalmente nos momentos de crise, mais complicados, potenciais que não imaginávamos ter e descobrimos ainda uma força que não imaginávamos ter. Assim, a minha mensagem é super positiva. Acho que sou muito grata a todas as experiências negativas que aconteceram na minha vida, porque, inevitavelmente, elas me levaram para algo positivo. Então, acho que devemos confiar!

Nós, no Brasil, estamos acostumados a conviver com a crise. Desde que eu nasci que o país está em crise – eu tenho 41 anos e até hoje o país está em crise. No entanto, hoje olhamos para os outros países e eles é que estão em crise e nós, no Brasil, o que temos são outro tipo de crises, de várias coisas: crise de carácter, crise de honestidade, mesmo. Estou a pensar na corrupção, por exemplo, que é algo que é tão desanimador.

Mas acho que é nas crises que crescemos – e há uma frase que diz: “Se é nas crises que a gente cresce, eu já tou batendo com a cabeça no teto.”. Eu rio-me imenso com essa frase, mas é verdade: crescemos muito nas crises, e temos que tentar olhar por esse lado, já que a crise, muitas vezes, é a oportunidade.

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